No embarque das artes


As artes causam um efeito o qual jamais saberemos da profundidade que acessamos através delas, muito além de um simples olhar, vai do navegar, mergulhar em seus mistérios em formas de pinceladas misteriosas, as quais, cada um cria o seu tempo, espaço gerando um mundo de ideias e personagens que vagam além de percepções e pensamentos

Era apenas mais um dia comum para Jonh, e de habito estava em seu recinto favorito, Café Retrô uma mistura de livraria, com exposições, cinema, teatro, stand up e muita cultura envolvida. Sentado no mesmo lugar, tomava seu café preferido apreciando um livro que já tinha sido lido algumas vezes, mas gostava de rever a trama a qual mudava nas releituras. Em certa ocasião, uma simpática mulher de andar elegante sentou de frente a Jonh, ela o olhava apreensiva queria de alguma forma  atrair a sua atenção, pois percebia a forma devota a qual consumia o café, e os olhos pensantes e frenéticos que devoravam cada palavra do livro. Em um “respiro para a visão”, Jonh percebeu que estava sendo observado e quando do encontro dos olhares, espontaneamente veio o sorriso de boas-vindas, a mulher então ergueu a xícara de café como fazendo gesto de brinde, e desse momento em diante toda a história começa a ter um enredo diferente, assim como o analisar de uma arte, nunca sabemos de fato o que iremos sentir e vivenciar.

Ao levantar para apreciar um quadro que estava em exposição, ele aproveitou a oportunidade e se apresentou para então mulher que agora não era mais uma visão.

– Prazer, meu nome é Jonh, você já esteve aqui antes? Mesmo sentindo um pouco de nervosismo conseguiu a aproximação que queria. Com olhar fixo, a mulher o respondeu:

– Prazer Jonh, meu nome é Cindy, estou aqui pela primeira vez e gostei muito do ambiente é agradável, pulsa e respira cultura. Apertando o livro com mais força, Jonh se mentém na ofensiva para quebrar mais o gelo:

– Gostou é, que ótimo, fico muito feliz! Aqui é o meu lugar preferido, venha irei te apresentar os outros andares. E assim, seguiram por horas com variadas xícaras de café, comentando as artes, compartilhando histórias, e o que mais atraia atenção eram os risos a todo tempo.

Quando repentinamente, Cindy avisa, está tudo ótimo, mas tenho de ir, anota meu telefone. Jonh foi pego de surpresa, saiu como foguete atrás de uma caneta, essa que falhou quando foi escrever e apenas o decalque dos números foram registrados na contra capa do livro. Cindy, antes de partir o encarou avisando: não esquece de me ligar mais tarde, em seguida lhe deu um beijo na testa e uma piscadinha com olho esquerdo. Antes mesmo de tentar dizer alguma coisa, ela já tinha sumido da visão e a ansiedade já estava pulsante em John que ficou próximo ao quadro, O Grito – de Edvard Munch, pediu mais um café e passou a apreciar a pintura com profundeza.

O retorno para a sua casa foi via metrô, em cada estação uma forma de tentar desvendar o que acontecera horas atrás no café, quanto mais pensava mais confuso ficava, e assim que chegou em casa, pegou um lápis e passou por cima do decalque do contato e deu um grito de alegria: Consegui! Consegui! Tirou os sapatos, pegou o telefone com extensão, deitou no sofá e discou o número, a cada som da discagem uma batida diferente o fazia sentir mais adrenalina. Quando no terceiro toque uma voz feminina:

– Alô, quem fala?

– Aqui é o Jonh, quero falar com a Cindy?

– Só um segundo, irei chamá-la!

– Alô, Jonh é você?

– Sim, sim! Liguei para agradecer a companhia de hoje, quero saber se podemos nos encontrar mais tarde? Após alguns segundos foi ouvido ao fundo, depois não fale que não te avisei, Cindy responde:

– É, podemos, sim! Anota meu endereço, por aqui tem algumas opções que você irá curtir. Jonh no outro lado da linha dava socos no ar de alegria respondendo:

– Maravilha! Tá, por favor, pode falar o endereço. Despediram-se, e o clima ficou no ar, mas com certo mistério, afinal o que aquela frase no intervalo da ligação queria dizer? Em seguida, para não se atrasar, Jonh ligou a sua Jukebox que começou a tocar uma música da banda (Depeche Mode – Strange Love), e nesse ritmo foi para banho cantando e fazendo passinhos. Fez a barba, escolheu uma roupa descolada e para evitar qualquer transtorno preferiu pegar um taxi, afinal iria para região do centro. Após três táxis passarem batidos, um atendeu o seu sinal, ao entrar no carro flagrou o taxista cantando todo animado uma música que estava tocando na rádio (Philip Bailey, Phil Collins – Easy Lover). Recebeu boa noite do simpático taxista e tão logo começou a puxar papo com Jonh, pois percebia o passageiro bem empolgado. O motorista agitando a cabeça ainda ao embalo da música, olha pelo retrovisor e quebra o silêncio:

– Boa noite, amigo! Meu nome é Vitor e o seu? Vejo que está bem animado, a noite promete, hein.

– Vitor, boa noite, meu nome é Jonh. Sim, estou bem animado para o encontro, algo me diz que será inesquecível. O taxista com sorriso aberto responde:

– É, ir a essa hora para os lados do centro, tenho de admitir, você é bem corajoso, por essas regiões muitas coisas realmente podem acontecer, faça valer, mas fique esperto nos detalhes! A corrida chegou ao final, Jonh desceu do táxi pensativo nos recados recebidos, agradeceu a Vitor, que já estava cantando outra música (The Police – Message In A Bottle).

Andou alguns metros e encontrou o endereço do apartamento, esse que fazia parte de um espaço que tinha uma loja de vinil abaixo e um cinema ao lado. Quando tocou o interfone foi atendido por Deby, amiga de Cindy e de imediato destravou a porta para que ele subisse, preferiu pegar elevador, quando esse chegou, um grupo de new wave saiu o encarando dizendo: esse cara é um careta! Chegou ao 13º andar e ao sair ouvia o som bem alto da banda (The Cure – In Between Days) e logo sacou: esse som só pode ser do apartamento de Cindy.

O apartamento de número 1313, Jonh apertou a campainha e foi atendido por Deby, vestida de gótica segurando uma taça de vinho e sua amiga felina Dorothy uma bolinha de pelos preta e branco miando:

– Entre, fique à vontade, Cindy logo virá, aceita uma taça de vinho? Ainda receptando as energias do local, Jonh aceitou a bebida e Dorothy ficou trançando em suas pernas querendo atenção. O apartamento todo decorado com posters de Bandas de Rock, Pop Art, instrumentos e algumas pinturas espalhadas pelas paredes. Ao beber o vinho começou a andar pelos espaços absorvendo todas as informações do ambiente. Foi quando do nada uma porta se abriu e Cindy colocando os brincos saiu repentinamente quase derrubando a taça de vinho:

– Nossa que desatrada! Me desculpe, Jonh! Quase sujei a sua roupa, aliás você está muito elegante. Após quase tomar um banho de vinho, sorrindo ele responde:

– Não se preocupe, não foi nada. Por falar nisso, você está linda! Ela se aproximou, pegou a taça de vinho, deu um pequeno gole e após um leve beijo em Jonh dizendo:

– Você ainda não viu nada! E novamente uma piscadinha com o olho esquerdo, andando em direção a um quadro de Pop Art cheio de artistas da música, cinema e outros segmentos culturais comentando:

– Esses são os meus heróis! Cada um tem um pouco de minha vida, em seguida um sorriso estranho e ao mesmo tempo contente, isso deixou Jonh reflexivo:

– Pelo seu sorriso, vejo que realmente tem uma conexão forte com esses artistas, não é mesmo? Isso dando um gole no vinho e esperando a resposta e ela veio:

– Vocé é muito observador, por isso é um exímio apreciador de artes, certamente logo mais irá entender melhor essa conexão. Um clima de suspense tomou conta da sala, até que a voz de Deby quebrou esse momento:

– Ei, estou saindo, vou à festa Gótica, caso queiram ir, é só dizer o meu nome na entrada, e quando forem sair, não esqueçam de fechar a porta e deixar a ração e água para a Dorothy, em seguida miados da felina agradecendo. Ambos responderam juntos:

– Não esqueceremos, boa festa!

O som ficou ligado e uma música acabou fazendo o clima mudar (Echo & The Bunnymen – The Killing Moon) em sincronia, deram um gole final nas taças de vinho e partiram para os beijos e abraços acalorados, Dorothy mexeu seus bigodinhos e sumiu, e a cena foi esquentando até que o telefone tocou. Cindy respirando fundo disse, espera um pouco, já volto. Atendeu o telefone, era o seu amigo Edy, estava precisando conversar urgentemente, pois algo tinha acontecido e ele não estava sabendo lidar com a situação, e de imediato ela concordou em ajudar. Ao sair da ligação, Jonh com olhar espantado pergunta:

– Está tudo bem com você? Ela após uma pausa responde:

– Sim, só temos de sair agora, depois terminamos o que iniciamos, em seguida um outro beijo e assim seguiram ao encontro de Edy, sem antes deixar a ração e água de Dorothy que agradeceu aos miados.

Quando o elevador abriu no andar, um bando de punks presentes ficaram olhando de forma intimidadora, mas era só pose, pois eram amigos de Deby apesar de ela ser gótica havia amizade natural entre os movimentos. Ao chegarem na calçada deram sinal para um taxi, esse atendeu e ao se aproximar Jonh incrédulo disse:

– Com esse som, só pode ser o Vitor! De fato, era ele, estava ouvindo em alto e bom som (Billy Idol – Dancing With Myself) e o condutor todo dançante ao volante dizendo:

– Ué, você de novo, tá perdido, meu amigo?(risos) Nossa, agora sei o motivo de seu nervosismo quando te trouxe, olhando para Cindy, que de imediato olhou para Jonh sorridente que concluiu:

– É, você acertou, meu amigo! Em seguida apresentou Cindy ao condutor, estranhamente ficou pensativo coçando a fronte:

– Acho que te conheço de algum lugar, só não estou me lembrando da ocasião. Cindy, encabulada devolve:

– Pode estar me confundindo, afinal inúmeras pessoas entram em seu carro, não é mesmo? Vitor, aceitou a resposta dizendo, tem razão pode ser um equívoco de minha memória.

Por entre muitas conversas ao longo do trajeto, o tempo passou despercebido e tão breve chegaram ao destino programado. Cindy e Jonh agradeceram a Vitor pela corrida e deram uma boa gorjeta, essa muito bem-vinda e um aviso grátis:

– Fiquem atentos! Já ouvi muitas histórias enigmáticas desse local, espero que se divirtam, até a próxima viagem. Cheiro de gasolina no ar, assim como os pensamentos de ambos sobre a fala do taxista se perdiam no espaço de um céu cinza e de lua cheia. O local era um prédio histórico muito charmoso e requisitado e passou a ser usado para eventos.

O casal entrou e ficou abismado com infinidades de artes exibidas por metro quadrado, em cada andar tinha um tipo de decoração diferente com obras artísticas de variadas épocas. Foram até a recepção e em seguida subiram até o terceiro andar usando as escadas, pois queriam absorver mais daquele ambiente cheio de riquezas culturais. Ao chegarem no andar desejado, apenas o silencio tomava conta junto a pouca iluminação, apenas uma luz roxa solitária fazia-se presente bem distante, indicava ser ao final do corredor. Seguiram a intuição e quando chegaram próximo a luz abriram uma porta e no mesmo instante, uma gritaria tremenda, balões, confetes, serpentinas tomavam conta do ambiente. E de repente aparecem Edy e Deby fantasiados gritando:

– Surpresaaaaa!!!! Achou que íamos esquecer de seu aniversário, amiga? Cindy segurando a emoção dá um abraço nos dois amigos agradecendo. Jonh logo caiu no ritmo da festa chamando Cindy para ir a pista de dança e por lá ficaram curtindo variadas músicas: Tears For Fears – Shoult, The Smiths – Bigmouth Strikes Again, The Outfield – Your Love, The Cure – The Lovecats, The B-52’s – Legal Tender, INXS – Mystify, New Order – Bizarre Love Triangle, entre outras mais. E quando tocou (Duran – Save a Prayer) não se seguraram e de imediato cruzaram os olhares e começaram a se beijar, a pista ficou pequena para eles. Deby que já conhecia o local indicou espaço o qual poderiam aproveitar à vontade o momento, era uma passagem secreta que levava a uma suíte cinco estrelas.

Cindy e Jonh aceitaram a proposta, a cada passo uma pausa para mais beijos, chegaram à porta da suíte, era dourada com vários símbolos em decalques, dentro um oásis de pura arte, foram apenas esses segundos que pararam, pois queriam mesmo era desfrutar de cada segundo, e assim fizeram ardentemente, nus a luz roxa e vermelha que criavam o ambiente ainda mais quente e vibrante entre cada beijo e caricias. Cindy era toda prazer sentia desejada a cada olhar de Jonh, esse parecia estar nas nuvens, ambos se saciaram incansavelmente. E quando exaustos olhavam para o teto e observavam mais pinturas de Pop Art, e por coincidência as mesmas que Cindy tanto venera. Comentaram sobre, e ficaram conversando por um tempo, até que a fome chegou forte, sorte que o frigobar estava cheio, afinal ninguém vive só de amor. Começaram a andar pelo quarto até que acharam o quadro (A Noite Estrelada  – Vincent van Gogh).

Ao tocarem na obra, de imediato tudo em torno se modificou como da mesma visão da pintura, foi como se estivessem de fato fazendo parte de cada pincelada do quadro. Realmente foi uma experiência muito real que acabaram de sentir, e perceberam que tudo não estava mais como antes, e sim, um ambiente hospitalar, mas na verdade era um hospício, ouvia-se gritos vindos de todas as partes. A porta antes dourada ficou branca e com uma placa escrita o nome dos dois, esses estavam em pânico, tentaram achar o andar da festa, mas foi em vão estavam definitivamente presos aos sentidos da arte. Agora cada andar continha vários tipos de pacientes, ao chegarem no térreo, um paciente estava vestido de punk e começou a cantar uma música (Ramones – Sheena Is a Punk Rocker) olhou para ambos e murmurando em tom sagas:

– Eu sei o que procuram, e também como achar a saída, mas como sou uma pessoa normal, não posso dizer (risos) mas, mesmo assim irei ajudá-los, fui com a cara de vocês, formam um belo casal, eu também tinha uma namorada, e sabe o que aconteceu? Não, não! Ela enlouqueceu!(risos). Nem me apresentei, meu nome é Fred. Pelo que sei, para vocês saírem daqui, terão de achar uma arte (As estrelas – Vincent van Gogh) ela é o portal que restabelece a “ordem real das coisas” ao menos aqui, se bem aqui nada é normal ou real, afinal o que é normal? (risos). Agora, não sei se vão acreditar numa pessoa normal como eu, não é mesmo (risos). De qualquer forma, boa sorte!

Em meio a tantos pacientes, Fred saiu saltitando e logo sumiu, e agora, Cindy e Jonh começam a pensar de que forma irão achar essa tal obra de arte. E de repente, descendo degrau, por degrau uma mulher cantando (Madonna – Like A Prayer) e atrás dela uns dez pacientes fazendo coreografia, era um show a parte. Parou em frente ao casal se apresentando:

– Prazer, meu nome é Diva! Faço shows aqui desde sempre e nunca vi vocês em nenhuma de minhas apresentações, por caso estão perdidos? Qual o nome desse gatão aí? Tô brincando, não pego o que não é meu, não sou louca de fazer isso, não é mesmo? (risos). Ambos se apresentaram e perguntaram pela tal arte. Diva, coçou os cabelos, fez uma careta e respondeu:

– Não tenho certeza de nada, mas acho que vi essa arte no décimo andar, quase ninguém vai lá, apenas eu com a minha turnê. Posso leva-los, mas com uma condição, esse bonitão terá de me dar um beijo, sou louca, mas não boba!(risos). Jonh ficou sem graça e Cindy não querendo ceder apenas fala:

– Não tem jeito, se quisermos sair daqui, o beijo será a chave, e também não vai arrancar pedaço. Em seguida o beijo aconteceu e Diva ficou toda felicidade, conduziu o casal ao local indicado, e curiosamente, cada andar tinha algum tipo de comemoração com variadas músicas e ritmos, tudo era uma curtição pra valer diferente de quando desceram, tudo naquele espaço mudava constantemente. Chegando ao local, a porta tinha cor vermelha e ao abrir, um tapete roxo se estendeu pelo chão, Diva se despediu dizendo: não sou louca pra entrar aí! Apenas os dois seguiram e a cada passo, luzes eram refletidas nas paredes mostrando as artes, dificultando a procura.

Por uns instantes, Cindy e Jonh fixaram o olhar apenas em uma direção, e então conseguiram visualizar a arte procurada (As estrelas – Vincent van Gogh) e quando tocaram nela, foram de imediato para o terraço do prédio e a noite que era cinza e de lua cheia, agora estava com show de estrelas brilhantes e tão próximas que até mesmo podiam ser tocadas. Jonh abraçou Cindy e ficaram deslumbrados com a paisagem que não acreditavam estar presenciando. Saíram do clima quando um guarda gritou:

 – Vocês dois aí, não podem visitar esse espaço nesse horário, me acompanhem até a saída. Ao descerem perceberam novamente que estavam em outro ambiente, esse nada a ver com o prédio da festa, as cores, decorações tudo estava diferente e as pessoas sorriam a todo tempo sem parar criando um clima estranho. Cindy, visualizou novamente a mesma Pop Art que estava próxima a saída de emergência dizendo a Jonh:

– Já sei como sair desse “mar de sorrisos estranhos”, vem comigo! Desviando e tentando manter o foco em meio as gargalhadas conseguiram chegar até a arte e quando tocaram juntos de imediato voltaram a pista de dança da festa nesse momento tocava a música (Huey Lewis & The News – The Power Of Love). Deby e Edy) e ouviram as vozes de Deby e Edy:

– Voltaram na hora certa! Cindy, é hora dos parabéns, minha amiga! Muita comemoração e alegria, Jonh ganhou o primeiro pedaço de bolo em seguida um beijo ardente que tirou aplausos acalorados dos convidados. Após os parabéns quase todos foram embora, os dois ainda foram curtir a última na pista, era uma “música lentinha” (Patrick Swayze – She’s Like The Wind) e o clima romântico estava no ar novamente, já com ares de despedida. O Dj lamentou, mas teve de encerrar a festa, luzes acesas e o casal desceu rumo a saída do prédio, já era início da manhã, e assim que pisaram na calçada deram sinal para um taxi e já sabiam pelo som alto (Inxs – New Sensation) que era o carro de Vitor que estacionou e saiu do carro dizendo:

– E aí, como foi a noite de vocês? Muitas histórias pra contar? Quero saber de todos os detalhes, os três entraram no carro sorrindo, Jonh respondeu:

– Se eu te contar você nem vai acreditar, “toca marcha” que te falo no caminho. Tudo foi resumido no trajeto e Vitor ia curtido cada detalhe. Chegaram no endereço, e Vitor se despediu dizendo, feliz que tenham curtido tudo intensamente, as artes tem lá os seus mistérios e vocês fizeram valer a aventura, até a próxima corrida!

E agora estavam seguros no apartamento de Cindy, ambos foram recepcionados pelos miados Dorothy, perceberam que Deby não estava em casa, e então resolveram estender a manhã, se trancaram no quarto e deixaram todas as imaginações acontecerem ardentemente até que uma voz aos poucos ia ganhando força:

– Jonh, Jonh, Jonh, vamos fechar o café, já está na hora! Jonh estava hipnotizado olhando o quadro (O Grito – de Edvard Munch) na galeria do Café Retrô, saiu do transe gaguejando:

– Você, você, viu a mulher que estava ao meu lado? O gerente olhando espantado informa:

– Ela já foi embora já algum tempo, você mesmo anotou o contato dela no seu livro, porque não liga pra ela? Quem sabe tenha uma noite cheia de histórias pra contar. Jonh saiu correndo para a seu apartamento, e quando chegou, novamente passou o lápis sobre o decalque dos números e entrou em contato com Cindy, que atende ao terceiro toque ouvindo a voz desesperada de Jonh:

– Alô, quero falar com a Cindy? Segundos de silêncio e vem a resposta:

– Jonh, sou eu! Estava preocupada, você chegou bem na sua casa? Gostou da festa? Jonh, soltou o telefone e se jogou no chão com olhar fixo para o teto, e já não sabia mais de nada, e ao fundo a voz:

– Alô, alô, Jonh, Jonh, está aí, fala comigo, Jonh!

Lista da trilha sonora:

Depeche Mode – Strange Love

Philip Bailey, Phil Collins – Easy Lover
The Police – Message In A Bottle
The Cure – In Between Days
Echo & The Bunnymen – The Killing Moon
Billy Idol – Dancing With Myself
Tears For Fears – Shoult
The Smiths – Bigmouth Strikes Again
The Outfield – Your Love
The Cure – The Lovecats
The B-52’s – Legal Tender
INXS – Mystify
New Order – Bizarre Love Triangle
Duran – Save a Prayer
Ramones – Sheena Is a Punk Rocker
Madonna – Like A Prayer
Patrick Swayze – She’s Like The Wind
INXS – New Sensation

Ducacroce.
Criador e editor,
ideias e outras
coisas mais

6 comentários em “No embarque das artes”

  1. Que história incrível ! Me senti senti envolvido pelo roteiro e curioso pelo desfecho final. Quem disse que não há prazer além dos limites das telas brilhantes e hipnotizantes dos celulares? Grande Abraço e no aguardo de mais posts como este.

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    1. Eliel, grato por expressar o seu envolvimento nesse post. Uma trama cheia de acontecimentos ritmados e misteriosos. As artes tem esse dom de despertar infinitas percepções e viagens a cada tom de cor. Será que realmente teve desfecho esse embarque? Acho que não! Um forte abraço…

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