No embarque das Artes 2

Para um melhor acompanhamento, indico a você a leitura da post anterior : No embarque das artes

“Quando as artes se misturam com variados acontecimentos em sincronia, tudo passa a ser de uma realidade dentro de um contexto imaginário ou não. Em conjunto com um repertório cheio de possibilidades, idas e vindas, tornando tudo um grande mistério, e em cada movimento dos ponteiros fatos reais que embalam a se chegar a resolução desse grande enigma que ultrapassa barreiras”  

– Alô, quero falar com a Cindy? Segundos de silêncio e vem a resposta:

– Jonh, sou eu! Estava preocupada, você chegou bem a sua casa? Gostou da festa? Jonh, soltou o telefone e se jogou no chão com olhar fixo para o teto, e já não sabia mais de nada, e ao fundo a voz:

– Alô, alô, Jonh, Jonh, está aí, fala comigo, Jonh!

Após algum tempo em transe olhando para o teto, Jonh se perdia em um “labirinto de pensamentos”, e esse só foi quebrado por miados que cada vez mais ganhavam volume, e antes de levantar ganhou uma lambida na ponta do nariz e arregalou os olhos espantado:

– Não pode ser, Dorothy! E ela respondeu, ronronando e com miados mais suaves, contornou as pernas de Jonh e de imediato, subiu à mesa, e nela havia um jornal o qual ela sinalizava com miados e como que grifando com a patinha esquerda misturada de pelos branco e preto, Jonh era audiência na cena: O que tem esse jornal? O que quer me mostrar? Ela sinalizava um anúncio, era a estreia de um filme de suspense com uma pitada de terror, o local era o Cine Centro (esse supostamente fazia parte do complexo de arte do mesmo endereço que Jonh encontrou Cindy).

Dorothy ficou miando de forma cadenciada, pulou no chão, dirigiu-se até a jukebox e com o focinho apertou o play e começou a tocar (Stay Cats – Stay Cat Strut) ronronou, levantou a patinha esquerda como se despedindo, e ao pular no quadro da pintora (Henriette Ronner Knip – A cat on a pillow) ela tomou forma da arte. Jonh ficou abismado, ao mesmo tempo desesperado puxando os cabelos, andando de um lado para o outro, batendo a cabeça na parede e resmungando alto:

– Isso não tá acontecendo comigo! Só pode ser uma alucinação, não é real! Vou tomar um banho relaxar o corpo e “refrescar os pensamentos”.

Estou muito acelerado com tudo que está acontecendo desde aquele dia em que conheci Cindy no Café Retrô. E como não pensei nisso, voltarei ao café, quem sabe encontre alguma resposta. Agora já menos agitado, Jonh foi até a jukebox escolheu rapidamente a música (Kim Carnes – Bette Davis Eyes) no estalar de dedos já estava dando passos dançantes com sorriso espontâneo, alguns pensamentos e um ar misterioso como querendo dizer: Vou mergulhar nessa aventura para dar uma “aquecida na adrenalina” e deixar o coração a mil, sinto que irei ultrapassar barreiras como da vez anterior.

Após alguns minutos saiu do banho, se trocou, abriu uma cerveja e percebeu que todos os quadros de suas paredes estavam fora de ordem, e supostamente o que estava a gata Dorothy, não tinha mais a foto dela. Jonh terminou de beber a cerveja, como que dizendo: já era esperada algumas mudanças, respirou fundo e saiu apressado do apartamento em direção ao Café Retrô.

O elevador parou no seu andar e antes das portas se abrirem já dava pra sentir um agito, e quando chegou, uma gangue estava presente, e um dos membros carregava um rádio estéreo ouvindo (James Brown – Get Up I Feel Like Being Like A Sex Machine). E veio uma voz grave:

– E aí, irmão, pode entrar, aqui todo mundo é da paz! Estamos indo ao centro, hoje é aniversário da cidade, vamos pro agito e claro, em busca de divesão, mas sabemos que nem todos tem essa ideia. Se quiser colar no rolê é só vir. Jonh, acanhado apenas fez o sinal positivo com a cabeça e em seguida comentou:

– Vocês moram aqui? Estranho, nunca os vi no prédio e moro há aqui. Veio a resposta: Relaxa meu irmão, não gostamos de nos expor muito, preferimos o anonimato sabe como é, só temos vida realmente quando desses momentos, alias aproveite esse rolê, nada acontece por acaso, ainda vamos nos trombar em alguma outra situação, fique ligado na missão!

O elevador chegou ao térreo, e estava uma circulação de pessoas como nunca visto antes no prédio e nos entornos, isso também chamou atenção de Jonh que percebeu que algo não estava certo, parecia estar em um outro plano sentindo um clima diferente no ar. Optou em ir de ônibus para o Café Retrô, o coletivo chegou e estava um pouco cheio, conseguiu sentar ao lado de um bem elegante, trajando um terno em risca de giz em tom preto, sapatos branco e preto, usava um bonito chapéu de época e estava lendo um jornal concentrado, Jonh curioso tentou dar uma “fitada nas notícias” e foi quando ouviu:

– Seus olhos não farão curvas, está conseguindo ler?(risos) quer emprestado alguma coluna? Jonh meio que se encolhendo no banco comenta: Desculpe atrapalhar a sua leitura, se possível quero a coluna de artes. Segundos de tensão, e após um sorriso veio a apresentação:

– De onde venho sempre fazemos questão de nos apresentar, meu nome é Jofre, e o seu meu jovem? Coçando a cabeça vem a resposta: Prazer, me chamo Jonh. Posterior as apresentações e aperto de mãos, o coletivo ficou diferente como de épocas passadas e as pessoas também estavam com outros trajes. Jofre percebeu o espanto instantâneo de seu recém amigo e foi misterioso na abordagem:

– Ora, ora! Não fique estarrecido, meu jovem amigo, já tive a sua idade e sei bem como é essa sensação, mas fique tranquilo, se está aqui é por algum motivo, aprecie e aproveite essa viagem e ache o que está procurando, mas lembre-se, um caminho está atrelado ao outro.

Nesse instante, Jonh ficou abstraído, deu uma suspirada profunda como ainda compreendendo toda aquela mudança de cenário, e quando olhou a data do jornal comprovou que estava em um outro ano, e logo abaixo o mesmo anúncio que Dorothy tinha indicado a ele no apartamento. Em seguida, Jofre levantou de seu lugar, bateu no ombro do jovem amigo lhe dizendo:

– Vou descer nesse ponto, minha missão de hoje foi cumprida, e pelo jeito você achou o que queria, dando uma puxada no chapéu e uma piscadinha com o olho esquerdo, assim que desceu tudo em torno voltou como antes. E novamente, Jonh entrava em um transe profundo a procura de respostas.

Logo desceu no ponto e andando em direção ao Café Retrô, observava uma manifestação contra o racismo, e no carro de som tocava (Public Enemy – Fight The Power) e em frações de segundos, presenciou o batalhão da polícia chegando com escudos, cacetetes e atirando bombas de gás de pimenta contra os manifestantes que corriam desesperadamente. Jonh não pensou duas vezes e entrou rapidamente e ficou vendo as cenas de pura violência explicita.

Quando voltou o seu olhar pra o interior do Café Retrô percebeu uma decoração diferente, haviam pinturas Noir em destaque como a de (Edward Hopper – Nighthawks). Ao se atentar nos detalhes dos outros quadros, percebeu em uma das pinturas o rosto do Sr. Jofre (Fabian Perez – Man Lighting a Cigarette). Pediu o de sempre e sentou no mesmo lugar como de habito, e ficou observando pela vidraça a movimentação da rua que já estava em clima festivo, todos estavam fantasiados e dava pra ouvir a música (Oingo Boingo – Dead Man’s Party) interessante que as pessoas no interior do café começaram a dançar cada um ao seu modo, foi um momento de pura descontração.

Mas, durou pouco, um sujeito mascarado bateu no vidro e com as mãos indicava para Jonh ir à cabine telefônica da esquina, deu um gole no café (quase queimou a língua) e saiu, entrou na cabine havia uma ficha telefônica e um número circulado na página de uma agenda. Discou apressadamente o número e no primeiro toque uma voz abafada:

– Sou eu, Jonh, a Cindy! Jonh! Jonh! E uma voz grossa ao fundo, você jamais o verá novamente, e a ligação caiu. Jonh desesperado, socava o telefone e golpeava cabine até que um policial se aproximou e o intimou:

– Ei, rapaz! O que tá fazendo? Saia daí agora mesmo! Ao sair ganhou um sermão do homem da lei que batia o cacetete no poste dizendo:

– Fique esperto, na próxima não serei bonzinho com você, seu vândalo! Sai daqui, vai procurar a sua turma, hoje tá cheio de doidos como você nas ruas.

Obedecendo o policial, deu alguns passos e sentou na calçada já sem saber o que fazer, foi quando bateu um forte vento que trouxe um jornal, esse parou na sua perna, quando abriu a página, era o mesmo anúncio já visto anteriormente, e a data era outra, isso deixava John confuso, mas dessa vez ele entendeu que era a única chance possível de encontrar Cindy.Ouviu sua barriga roncar, estava com fome e foi a uma lanchonete, ficou vendo as notícias que passava em um televisor sobre as atividades culturais do dia, comprou uma coxinha e foi em direção a estação de metrô, poucos metros de entrar veio uma voz:

– O meu camarada, dá um teco dessa coxinha, aí! Estou o dia todo sem comer nada. Jonh de imediato deu o salgado ao homem faminto que logo agradeceu com brilho no olhar e se apresentou:

– Meu nome é Tim, moro em todo canto, você foi generoso e atencioso comigo, é o seguinte, já que matou a minha fome, vou te compensar com um show ao vivo, o melhor de sua vida. Veja só! Num estalar de dedos, todos outros moradores de rua ficaram em pé, as luzes piscantes e coloridas, uma névoa tomou conta da praça, e então começou a tocar nos alto-falantes da igreja a música de (Michael Jackson – Thriller) e a coreografia era perfeita. Tim comandava o ritmo era uma apresentação perfeita, foi quando da terceira badalada do sino da igreja que tudo parou, a praça estava vazia e o vento levava o guardanapo da coxinha a cesta de lixo. Jonh, apenas dizia com olhos arregalados: eu não acredito no que acabei de presenciar.

Ao entrar na estação, novamente observou que estava em outro ambiente, com vários grafites espalhado, presenciava inúmeras gangues de break dance na plataforma, muitos curiosos arriscavam uns passos ao som de (Break Machine – Street Dance). Quando embarcou conseguiu ver a mesma gangue do elevador, e os integrantes fizeram o sinal de positivo a Jonh, e bateram um papo:

– Irmão, que bom te ver novamente, não sabia que curtia um som, você é um dos nossos! toca aí, fica a pampa. E aí, já sabe qual estação se vai descer? Algo me diz que tem uma parada nervosa pra resolver, precisar de nós, é só avisar. Quando Jonh foi responder, alguém acionou a parada de emergência, o metrô da frente estava com problemas, mas o pior, a polícia estava atrás das gangues e adivinha só quem liderava esse grupo, o mesmo policial da cabine telefônica que já mostrava um olhar de puro ódio. Bombas de gás, corre, corre, confusão, pancaria ao som de (Public Enemy – Don’t Believe The Hype).

Jonh conseguiu correr até uma saída de emergência ficou ofegante pelo efeito do gás e ao sair por uma rua estreita via do outro lado da rua inúmeras viaturas carregando vários membros das gangues inclusive a de seus amigos e quando achou que estava seguro, ouviu uma voz de comando:

– Prendam aquele elemento, era o mesmo policial apontando para o outro lado da rua em direção a Jonh! Quase um batalhão se deslocando, e quando do nada um taxi fazendo uma manobra em 360 graus estaciona em frente ao homem mais procurado daquele momento. Era o taxista Vitor, para variar estava ouvindo e cantando (Titãs – Polícia).

– Dizem que ela existe pra proteger, mas parece que querem te prender, meu amigo! Entre logo, entre! Vamos sair dessa confusão. Alias o que você fez pra irritar tanto os homens da lei? Jonh, tremulo:

– Não fiz nada, aquele policial ficou de birra comigo, mas graças a você consegui escapar. Muito obrigado por aparecer. Franzino a testa e coçando o queixo, Jonh pergunta:

– Como me encontrou aqui, Vitor? Vem a resposta após o término da música: Meu amigo, tem coisas que não se explicam, e tudo está atrelado desde quando você entrou em meu taxi pela primeira vez, lembra que te disse: cuidado com os mistérios noturnos do centro, e aqui estamos em mais um. Mas, não se preocupe está seguro agora, por falar nisso, qual o destino dessa viagem? Jonh, olhava pela janela e via as paisagens em torno mudando de ambiente constantemente e então respondeu ao amigo taxista:

– Preciso chegar ao cine do complexo cultural do centro. Vitor, olhando pelo retrovisor argumenta: você gosta mesmo de uma aventura, aposto que tem a ver com aquela garota enigmática que estava contigo, eu sabia que já tinha visto ela em algum lugar. Você deve realmente estar apaixonado por ela. Mesmo não querendo confirmar, Jonh sorriu e nesse momento expressou tal sentimento. Mais adiante, o semáforo fechou, um carro vermelho conversível emparelhou com o taxi, e três garotas no estilo “Gótico-New Wave” curtido (Siouxsie And The Banshees – Cities In Dust).

E vem a voz da condutora: E aí, Vitor, vamos pisar fundo até o próximo semáforo? Se ganhar, aceito seu convite para a festa de logo mais. Jonh, sem entender nada apenas olha para Vitor que responde: Mônica, já pode se preparar, mais tarde você será minha! Colocou uma fica cassete e quando começou a tocar (Grease – Greased Lightning) vestiu as luvas, e quando o sinal ficou verde, na primeira acelerada, o taxi se transformou em um possante, e deixou o conversível comendo poeira. Vitor era só festa dizendo: hoje vou me dar bem! Jonh estava pálido com olhos arregalados.

Agora com a velocidade normal, os dois seguiram ao cinema e uma movimentação chamava atenção, pois era um contingente muito grande para entrar na última sessão do filme em cartaz, estacionaram o carro e entraram na fila, curiosamente eram os dois últimos e ninguém mais entrou atrás deles, e o espanto foi maior quando a simpática, pálida e tatuada atendente comunicou:

– Vocês deram sorte, pegaram as duas ultimas entradas, pelo jeito tinham de estar aqui essa noite, em seguida, uma gargalhada sinistra e ao levantar o cabelo do ombro esquerdo, tinha uma tatuagem no pescoço a qual Dorothy era a arte. E do nada a moça pálida sumiu para o espanto dos dois que ficaram olhando um para o outro.

O espaço do cinema transpirava arte e cultura para todos os lados, um gigante lustre de diamantes do saguão de espera era um espetáculo, carpete em tom vinho, as iluminarias bem distribuídas, pessoas transitando de um lado para o outro, o que chamava atenção de Jonh era de estar novamente em uma outra estação, cada pessoa de uma época diferente, e os olhares erm frios e impactantes. Chegou a hora de entrarem na sala, estranho que só faltavam eles para iniciar a sessão, assim que as luzes foram apagadas, um silêncio sepulcral na sala por minutos, foi quando gritos estridentes rasgaram esse momento, e Jonh com urgência gritava: Cindy, Cindy é você? Cadê você? Vitor levantou e sentiu que a sala estava mais gelada a cada segundo e um cheiro de mofo muito forte tomava conta do ar.

Quando olharam em volta todos os presentes na sala na verdade eram uma espécie de zumbis, esses foram para a frente da tela do cinema e a cena ficou mais estranha quando começou a tocar (Ramones – Pet Sematary). Quando encenaram uma coreografia, abriu um espaço onde Cindy saiu de um alçapão sobre uma mesa com vestido vermelho com velas coloridas que contornava o seu corpo, carregando a gatinha Dorothy em seus braços.

Os dois saíram correndo desviando com dificuldade dos “corpos dançantes em decomposição”, quando próximos, apenas Dorothy miava, enquanto Cindy adormecia. Nesse momento, todos se afastaram, apenas Jonh se aproximou, uma luz focava ambos e quando ele encostou suas mãos nas de Cindy. O teto se movia e uma abertura que dava as boas-vindas ao reflexo de luz da lua cheia, ao mesmo tempo começou a tocar (The Cure – Pictures of You). Cindy foi mexendo a pálpebra dos olhos, subitamente levantou-se encarando a misteriosa aura de luz lunar, os seus olhos pareciam consumir toda aquela fonte energética e quando olhou para Jonh, lhe deu um beijo, transferindo a ele também essa mesma carga.

E um foco de luz forte iluminou todo o ambiente, ao longo desse contato eles conseguiam ver todos os caminhos que trilharam até se reencontrarem. A cena terminou quando o teto fechou, Vitor batia palmas emocionado, Dorothy era só miados de alegria, afinal ela tinha sido salva, pois naquele mesmo espaço era um cemitério de pets. A sala estava vazia e o cine já estava com outra decoração. Vitor deu um abraço em Cindy dizendo, acho que já tinha visto você em algum lugar, os três riram já saindo da sala do cine.

Jonh comenta com Cindy: Nosso amigo tem um encontro logo mais com uma tal de Mônica, e Cindy completa: A gótica do conversível vermelho? Ela é minha amiga! Vitor, todo sorridente continua: Sim é ela mesma! depois de anos consegui esse date! Vocês não querem ir? É uma festa de Halloween? O casal aceita o convite e Vitor ficou de ir buscá-los mais tarde, afinal já estavam no prédio que Cindy reside.

Como fazia muito tempo que não se viam, entram no prédio e assim que o elevador fechou as portas travaram o controle de andares, e ali mesmo começaram a se beijar loucamente era um aquecimento para as cenas futuras, e quando entraram no apartamento tudo aconteceu como queriam, se despiram de tudo e fizeram amor como nunca, beijos e abraços que saíam faíscas, olhares penetrantes, toques e gemidos, tudo ao ritmo do som (INXS – Never Tear Us Apart). Após um longo banho, ambos foram se vestir ainda na base das caricias.

Cindy rapidamente se vestiu de Catrina (La Catrina, significa a morte na cultura mexicana, vem do termo Catrín, bem vestido e, por isso, seu feminino é usado para representar caveiras vestidas com roupas de gala, chapéus, bebendo pulque uma bebida típica mexicana semelhante a cerveja). Jonh fez um improviso com uma capa preta, uma forte maquiagem e uma cartola foi o que deu para fazer. Seguiram de mãos dadas em direção ao elevador e quando adentraram comentaram:

– Será que essas câmeras estavam desligadas? Deram um beijo leve pra não borrar o batom e maquiagem, e após alguns segundos a energia oscilou, tudo parou e Jonh sentiu que não estava mais segurando a mão de Cindy, e repentinamente o elevador desceu com toda velocidade, e quando parou e abriu as portas, Jonh estava no elevador de seu condomínio, justamente no seu andar, ao abrir a porta de seu apartamento, percebeu que tudo estava diferente, e após uns segundos o telefone tocou, e quando atendeu:

– Jonh, Jonh! Sou eu, a Cindy!

Jonh, novamente no chão olhando para o teto, sem reação em um espiral profundo de pensamentos intermináveis. E ao fundo:

– Jonh, Jonh!

Lista da trilha sonora:

Kim Carnes – Bette Davis Eyes

Stay Cats – Stay Cat Strut
James Brown – Get Up I Feel Like Being Like A Sex Machine
Oingo Boingo – Dead Man’s Party
Michael Jackson – Thriller
Public Enemy – Don’t Believe The Hype
Public Enemy – Fight The Power
Siouxsie And The Banshees – Cities In Dust
Grease – Greased Lightning
Ramones – Pet Sematary
The Cure – Pictures of You
INXS – Never Tear Us Apart

Ducacroce.
Criador e editor,
ideias e outras
coisas mais

No embarque das artes

As artes causam um efeito o qual jamais saberemos da profundidade que acessamos através delas, muito além de um simples olhar, vai do navegar, mergulhar em seus mistérios em formas de pinceladas misteriosas, as quais, cada um cria o seu tempo, espaço gerando um mundo de ideias e personagens que vagam além de percepções e pensamentos

Era apenas mais um dia comum para Jonh, e de habito estava em seu recinto favorito, Café Retrô uma mistura de livraria, com exposições, cinema, teatro, stand up e muita cultura envolvida. Sentado no mesmo lugar, tomava seu café preferido apreciando um livro que já tinha sido lido algumas vezes, mas gostava de rever a trama a qual mudava nas releituras. Em certa ocasião, uma simpática mulher de andar elegante sentou de frente a Jonh, ela o olhava apreensiva queria de alguma forma  atrair a sua atenção, pois percebia a forma devota a qual consumia o café, e os olhos pensantes e frenéticos que devoravam cada palavra do livro. Em um “respiro para a visão”, Jonh percebeu que estava sendo observado e quando do encontro dos olhares, espontaneamente veio o sorriso de boas-vindas, a mulher então ergueu a xícara de café como fazendo gesto de brinde, e desse momento em diante toda a história começa a ter um enredo diferente, assim como o analisar de uma arte, nunca sabemos de fato o que iremos sentir e vivenciar.

Ao levantar para apreciar um quadro que estava em exposição, ele aproveitou a oportunidade e se apresentou para então mulher que agora não era mais uma visão.

– Prazer, meu nome é Jonh, você já esteve aqui antes? Mesmo sentindo um pouco de nervosismo conseguiu a aproximação que queria. Com olhar fixo, a mulher o respondeu:

– Prazer Jonh, meu nome é Cindy, estou aqui pela primeira vez e gostei muito do ambiente é agradável, pulsa e respira cultura. Apertando o livro com mais força, Jonh se mentém na ofensiva para quebrar mais o gelo:

– Gostou é, que ótimo, fico muito feliz! Aqui é o meu lugar preferido, venha irei te apresentar os outros andares. E assim, seguiram por horas com variadas xícaras de café, comentando as artes, compartilhando histórias, e o que mais atraia atenção eram os risos a todo tempo.

Quando repentinamente, Cindy avisa, está tudo ótimo, mas tenho de ir, anota meu telefone. Jonh foi pego de surpresa, saiu como foguete atrás de uma caneta, essa que falhou quando foi escrever e apenas o decalque dos números foram registrados na contra capa do livro. Cindy, antes de partir o encarou avisando: não esquece de me ligar mais tarde, em seguida lhe deu um beijo na testa e uma piscadinha com olho esquerdo. Antes mesmo de tentar dizer alguma coisa, ela já tinha sumido da visão e a ansiedade já estava pulsante em John que ficou próximo ao quadro, O Grito – de Edvard Munch, pediu mais um café e passou a apreciar a pintura com profundeza.

O retorno para a sua casa foi via metrô, em cada estação uma forma de tentar desvendar o que acontecera horas atrás no café, quanto mais pensava mais confuso ficava, e assim que chegou em casa, pegou um lápis e passou por cima do decalque do contato e deu um grito de alegria: Consegui! Consegui! Tirou os sapatos, pegou o telefone com extensão, deitou no sofá e discou o número, a cada som da discagem uma batida diferente o fazia sentir mais adrenalina. Quando no terceiro toque uma voz feminina:

– Alô, quem fala?

– Aqui é o Jonh, quero falar com a Cindy?

– Só um segundo, irei chamá-la!

– Alô, Jonh é você?

– Sim, sim! Liguei para agradecer a companhia de hoje, quero saber se podemos nos encontrar mais tarde? Após alguns segundos foi ouvido ao fundo, depois não fale que não te avisei, Cindy responde:

– É, podemos, sim! Anota meu endereço, por aqui tem algumas opções que você irá curtir. Jonh no outro lado da linha dava socos no ar de alegria respondendo:

– Maravilha! Tá, por favor, pode falar o endereço. Despediram-se, e o clima ficou no ar, mas com certo mistério, afinal o que aquela frase no intervalo da ligação queria dizer? Em seguida, para não se atrasar, Jonh ligou a sua Jukebox que começou a tocar uma música da banda (Depeche Mode – Strange Love), e nesse ritmo foi para banho cantando e fazendo passinhos. Fez a barba, escolheu uma roupa descolada e para evitar qualquer transtorno preferiu pegar um taxi, afinal iria para região do centro. Após três táxis passarem batidos, um atendeu o seu sinal, ao entrar no carro flagrou o taxista cantando todo animado uma música que estava tocando na rádio (Philip Bailey, Phil Collins – Easy Lover). Recebeu boa noite do simpático taxista e tão logo começou a puxar papo com Jonh, pois percebia o passageiro bem empolgado. O motorista agitando a cabeça ainda ao embalo da música, olha pelo retrovisor e quebra o silêncio:

– Boa noite, amigo! Meu nome é Vitor e o seu? Vejo que está bem animado, a noite promete, hein.

– Vitor, boa noite, meu nome é Jonh. Sim, estou bem animado para o encontro, algo me diz que será inesquecível. O taxista com sorriso aberto responde:

– É, ir a essa hora para os lados do centro, tenho de admitir, você é bem corajoso, por essas regiões muitas coisas realmente podem acontecer, faça valer, mas fique esperto nos detalhes! A corrida chegou ao final, Jonh desceu do táxi pensativo nos recados recebidos, agradeceu a Vitor, que já estava cantando outra música (The Police – Message In A Bottle).

Andou alguns metros e encontrou o endereço do apartamento, esse que fazia parte de um espaço que tinha uma loja de vinil abaixo e um cinema ao lado. Quando tocou o interfone foi atendido por Deby, amiga de Cindy e de imediato destravou a porta para que ele subisse, preferiu pegar elevador, quando esse chegou, um grupo de new wave saiu o encarando dizendo: esse cara é um careta! Chegou ao 13º andar e ao sair ouvia o som bem alto da banda (The Cure – In Between Days) e logo sacou: esse som só pode ser do apartamento de Cindy.

O apartamento de número 1313, Jonh apertou a campainha e foi atendido por Deby, vestida de gótica segurando uma taça de vinho e sua amiga felina Dorothy uma bolinha de pelos preta e branco miando:

– Entre, fique à vontade, Cindy logo virá, aceita uma taça de vinho? Ainda receptando as energias do local, Jonh aceitou a bebida e Dorothy ficou trançando em suas pernas querendo atenção. O apartamento todo decorado com posters de Bandas de Rock, Pop Art, instrumentos e algumas pinturas espalhadas pelas paredes. Ao beber o vinho começou a andar pelos espaços absorvendo todas as informações do ambiente. Foi quando do nada uma porta se abriu e Cindy colocando os brincos saiu repentinamente quase derrubando a taça de vinho:

– Nossa que desatrada! Me desculpe, Jonh! Quase sujei a sua roupa, aliás você está muito elegante. Após quase tomar um banho de vinho, sorrindo ele responde:

– Não se preocupe, não foi nada. Por falar nisso, você está linda! Ela se aproximou, pegou a taça de vinho, deu um pequeno gole e após um leve beijo em Jonh dizendo:

– Você ainda não viu nada! E novamente uma piscadinha com o olho esquerdo, andando em direção a um quadro de Pop Art cheio de artistas da música, cinema e outros segmentos culturais comentando:

– Esses são os meus heróis! Cada um tem um pouco de minha vida, em seguida um sorriso estranho e ao mesmo tempo contente, isso deixou Jonh reflexivo:

– Pelo seu sorriso, vejo que realmente tem uma conexão forte com esses artistas, não é mesmo? Isso dando um gole no vinho e esperando a resposta e ela veio:

– Vocé é muito observador, por isso é um exímio apreciador de artes, certamente logo mais irá entender melhor essa conexão. Um clima de suspense tomou conta da sala, até que a voz de Deby quebrou esse momento:

– Ei, estou saindo, vou à festa Gótica, caso queiram ir, é só dizer o meu nome na entrada, e quando forem sair, não esqueçam de fechar a porta e deixar a ração e água para a Dorothy, em seguida miados da felina agradecendo. Ambos responderam juntos:

– Não esqueceremos, boa festa!

O som ficou ligado e uma música acabou fazendo o clima mudar (Echo & The Bunnymen – The Killing Moon) em sincronia, deram um gole final nas taças de vinho e partiram para os beijos e abraços acalorados, Dorothy mexeu seus bigodinhos e sumiu, e a cena foi esquentando até que o telefone tocou. Cindy respirando fundo disse, espera um pouco, já volto. Atendeu o telefone, era o seu amigo Edy, estava precisando conversar urgentemente, pois algo tinha acontecido e ele não estava sabendo lidar com a situação, e de imediato ela concordou em ajudar. Ao sair da ligação, Jonh com olhar espantado pergunta:

– Está tudo bem com você? Ela após uma pausa responde:

– Sim, só temos de sair agora, depois terminamos o que iniciamos, em seguida um outro beijo e assim seguiram ao encontro de Edy, sem antes deixar a ração e água de Dorothy que agradeceu aos miados.

Quando o elevador abriu no andar, um bando de punks presentes ficaram olhando de forma intimidadora, mas era só pose, pois eram amigos de Deby apesar de ela ser gótica havia amizade natural entre os movimentos. Ao chegarem na calçada deram sinal para um taxi, esse atendeu e ao se aproximar Jonh incrédulo disse:

– Com esse som, só pode ser o Vitor! De fato, era ele, estava ouvindo em alto e bom som (Billy Idol – Dancing With Myself) e o condutor todo dançante ao volante dizendo:

– Ué, você de novo, tá perdido, meu amigo?(risos) Nossa, agora sei o motivo de seu nervosismo quando te trouxe, olhando para Cindy, que de imediato olhou para Jonh sorridente que concluiu:

– É, você acertou, meu amigo! Em seguida apresentou Cindy ao condutor, estranhamente ficou pensativo coçando a fronte:

– Acho que te conheço de algum lugar, só não estou me lembrando da ocasião. Cindy, encabulada devolve:

– Pode estar me confundindo, afinal inúmeras pessoas entram em seu carro, não é mesmo? Vitor, aceitou a resposta dizendo, tem razão pode ser um equívoco de minha memória.

Por entre muitas conversas ao longo do trajeto, o tempo passou despercebido e tão breve chegaram ao destino programado. Cindy e Jonh agradeceram a Vitor pela corrida e deram uma boa gorjeta, essa muito bem-vinda e um aviso grátis:

– Fiquem atentos! Já ouvi muitas histórias enigmáticas desse local, espero que se divirtam, até a próxima viagem. Cheiro de gasolina no ar, assim como os pensamentos de ambos sobre a fala do taxista se perdiam no espaço de um céu cinza e de lua cheia. O local era um prédio histórico muito charmoso e requisitado e passou a ser usado para eventos.

O casal entrou e ficou abismado com infinidades de artes exibidas por metro quadrado, em cada andar tinha um tipo de decoração diferente com obras artísticas de variadas épocas. Foram até a recepção e em seguida subiram até o terceiro andar usando as escadas, pois queriam absorver mais daquele ambiente cheio de riquezas culturais. Ao chegarem no andar desejado, apenas o silencio tomava conta junto a pouca iluminação, apenas uma luz roxa solitária fazia-se presente bem distante, indicava ser ao final do corredor. Seguiram a intuição e quando chegaram próximo a luz abriram uma porta e no mesmo instante, uma gritaria tremenda, balões, confetes, serpentinas tomavam conta do ambiente. E de repente aparecem Edy e Deby fantasiados gritando:

– Surpresaaaaa!!!! Achou que íamos esquecer de seu aniversário, amiga? Cindy segurando a emoção dá um abraço nos dois amigos agradecendo. Jonh logo caiu no ritmo da festa chamando Cindy para ir a pista de dança e por lá ficaram curtindo variadas músicas: Tears For Fears – Shoult, The Smiths – Bigmouth Strikes Again, The Outfield – Your Love, The Cure – The Lovecats, The B-52’s – Legal Tender, INXS – Mystify, New Order – Bizarre Love Triangle, entre outras mais. E quando tocou (Duran – Save a Prayer) não se seguraram e de imediato cruzaram os olhares e começaram a se beijar, a pista ficou pequena para eles. Deby que já conhecia o local indicou espaço o qual poderiam aproveitar à vontade o momento, era uma passagem secreta que levava a uma suíte cinco estrelas.

Cindy e Jonh aceitaram a proposta, a cada passo uma pausa para mais beijos, chegaram à porta da suíte, era dourada com vários símbolos em decalques, dentro um oásis de pura arte, foram apenas esses segundos que pararam, pois queriam mesmo era desfrutar de cada segundo, e assim fizeram ardentemente, nus a luz roxa e vermelha que criavam o ambiente ainda mais quente e vibrante entre cada beijo e caricias. Cindy era toda prazer sentia desejada a cada olhar de Jonh, esse parecia estar nas nuvens, ambos se saciaram incansavelmente. E quando exaustos olhavam para o teto e observavam mais pinturas de Pop Art, e por coincidência as mesmas que Cindy tanto venera. Comentaram sobre, e ficaram conversando por um tempo, até que a fome chegou forte, sorte que o frigobar estava cheio, afinal ninguém vive só de amor. Começaram a andar pelo quarto até que acharam o quadro (A Noite Estrelada  – Vincent van Gogh).

Ao tocarem na obra, de imediato tudo em torno se modificou como da mesma visão da pintura, foi como se estivessem de fato fazendo parte de cada pincelada do quadro. Realmente foi uma experiência muito real que acabaram de sentir, e perceberam que tudo não estava mais como antes, e sim, um ambiente hospitalar, mas na verdade era um hospício, ouvia-se gritos vindos de todas as partes. A porta antes dourada ficou branca e com uma placa escrita o nome dos dois, esses estavam em pânico, tentaram achar o andar da festa, mas foi em vão estavam definitivamente presos aos sentidos da arte. Agora cada andar continha vários tipos de pacientes, ao chegarem no térreo, um paciente estava vestido de punk e começou a cantar uma música (Ramones – Sheena Is a Punk Rocker) olhou para ambos e murmurando em tom sagas:

– Eu sei o que procuram, e também como achar a saída, mas como sou uma pessoa normal, não posso dizer (risos) mas, mesmo assim irei ajudá-los, fui com a cara de vocês, formam um belo casal, eu também tinha uma namorada, e sabe o que aconteceu? Não, não! Ela enlouqueceu!(risos). Nem me apresentei, meu nome é Fred. Pelo que sei, para vocês saírem daqui, terão de achar uma arte (As estrelas – Vincent van Gogh) ela é o portal que restabelece a “ordem real das coisas” ao menos aqui, se bem aqui nada é normal ou real, afinal o que é normal? (risos). Agora, não sei se vão acreditar numa pessoa normal como eu, não é mesmo (risos). De qualquer forma, boa sorte!

Em meio a tantos pacientes, Fred saiu saltitando e logo sumiu, e agora, Cindy e Jonh começam a pensar de que forma irão achar essa tal obra de arte. E de repente, descendo degrau, por degrau uma mulher cantando (Madonna – Like A Prayer) e atrás dela uns dez pacientes fazendo coreografia, era um show a parte. Parou em frente ao casal se apresentando:

– Prazer, meu nome é Diva! Faço shows aqui desde sempre e nunca vi vocês em nenhuma de minhas apresentações, por caso estão perdidos? Qual o nome desse gatão aí? Tô brincando, não pego o que não é meu, não sou louca de fazer isso, não é mesmo? (risos). Ambos se apresentaram e perguntaram pela tal arte. Diva, coçou os cabelos, fez uma careta e respondeu:

– Não tenho certeza de nada, mas acho que vi essa arte no décimo andar, quase ninguém vai lá, apenas eu com a minha turnê. Posso leva-los, mas com uma condição, esse bonitão terá de me dar um beijo, sou louca, mas não boba!(risos). Jonh ficou sem graça e Cindy não querendo ceder apenas fala:

– Não tem jeito, se quisermos sair daqui, o beijo será a chave, e também não vai arrancar pedaço. Em seguida o beijo aconteceu e Diva ficou toda felicidade, conduziu o casal ao local indicado, e curiosamente, cada andar tinha algum tipo de comemoração com variadas músicas e ritmos, tudo era uma curtição pra valer diferente de quando desceram, tudo naquele espaço mudava constantemente. Chegando ao local, a porta tinha cor vermelha e ao abrir, um tapete roxo se estendeu pelo chão, Diva se despediu dizendo: não sou louca pra entrar aí! Apenas os dois seguiram e a cada passo, luzes eram refletidas nas paredes mostrando as artes, dificultando a procura.

Por uns instantes, Cindy e Jonh fixaram o olhar apenas em uma direção, e então conseguiram visualizar a arte procurada (As estrelas – Vincent van Gogh) e quando tocaram nela, foram de imediato para o terraço do prédio e a noite que era cinza e de lua cheia, agora estava com show de estrelas brilhantes e tão próximas que até mesmo podiam ser tocadas. Jonh abraçou Cindy e ficaram deslumbrados com a paisagem que não acreditavam estar presenciando. Saíram do clima quando um guarda gritou:

 – Vocês dois aí, não podem visitar esse espaço nesse horário, me acompanhem até a saída. Ao descerem perceberam novamente que estavam em outro ambiente, esse nada a ver com o prédio da festa, as cores, decorações tudo estava diferente e as pessoas sorriam a todo tempo sem parar criando um clima estranho. Cindy, visualizou novamente a mesma Pop Art que estava próxima a saída de emergência dizendo a Jonh:

– Já sei como sair desse “mar de sorrisos estranhos”, vem comigo! Desviando e tentando manter o foco em meio as gargalhadas conseguiram chegar até a arte e quando tocaram juntos de imediato voltaram a pista de dança da festa nesse momento tocava a música (Huey Lewis & The News – The Power Of Love). Deby e Edy) e ouviram as vozes de Deby e Edy:

– Voltaram na hora certa! Cindy, é hora dos parabéns, minha amiga! Muita comemoração e alegria, Jonh ganhou o primeiro pedaço de bolo em seguida um beijo ardente que tirou aplausos acalorados dos convidados. Após os parabéns quase todos foram embora, os dois ainda foram curtir a última na pista, era uma “música lentinha” (Patrick Swayze – She’s Like The Wind) e o clima romântico estava no ar novamente, já com ares de despedida. O Dj lamentou, mas teve de encerrar a festa, luzes acesas e o casal desceu rumo a saída do prédio, já era início da manhã, e assim que pisaram na calçada deram sinal para um taxi e já sabiam pelo som alto (Inxs – New Sensation) que era o carro de Vitor que estacionou e saiu do carro dizendo:

– E aí, como foi a noite de vocês? Muitas histórias pra contar? Quero saber de todos os detalhes, os três entraram no carro sorrindo, Jonh respondeu:

– Se eu te contar você nem vai acreditar, “toca marcha” que te falo no caminho. Tudo foi resumido no trajeto e Vitor ia curtido cada detalhe. Chegaram no endereço, e Vitor se despediu dizendo, feliz que tenham curtido tudo intensamente, as artes tem lá os seus mistérios e vocês fizeram valer a aventura, até a próxima corrida!

E agora estavam seguros no apartamento de Cindy, ambos foram recepcionados pelos miados Dorothy, perceberam que Deby não estava em casa, e então resolveram estender a manhã, se trancaram no quarto e deixaram todas as imaginações acontecerem ardentemente até que uma voz aos poucos ia ganhando força:

– Jonh, Jonh, Jonh, vamos fechar o café, já está na hora! Jonh estava hipnotizado olhando o quadro (O Grito – de Edvard Munch) na galeria do Café Retrô, saiu do transe gaguejando:

– Você, você, viu a mulher que estava ao meu lado? O gerente olhando espantado informa:

– Ela já foi embora já algum tempo, você mesmo anotou o contato dela no seu livro, porque não liga pra ela? Quem sabe tenha uma noite cheia de histórias pra contar. Jonh saiu correndo para a seu apartamento, e quando chegou, novamente passou o lápis sobre o decalque dos números e entrou em contato com Cindy, que atende ao terceiro toque ouvindo a voz desesperada de Jonh:

– Alô, quero falar com a Cindy? Segundos de silêncio e vem a resposta:

– Jonh, sou eu! Estava preocupada, você chegou bem na sua casa? Gostou da festa? Jonh, soltou o telefone e se jogou no chão com olhar fixo para o teto, e já não sabia mais de nada, e ao fundo a voz:

– Alô, alô, Jonh, Jonh, está aí, fala comigo, Jonh!

Lista da trilha sonora:

Depeche Mode – Strange Love

Philip Bailey, Phil Collins – Easy Lover
The Police – Message In A Bottle
The Cure – In Between Days
Echo & The Bunnymen – The Killing Moon
Billy Idol – Dancing With Myself
Tears For Fears – Shoult
The Smiths – Bigmouth Strikes Again
The Outfield – Your Love
The Cure – The Lovecats
The B-52’s – Legal Tender
INXS – Mystify
New Order – Bizarre Love Triangle
Duran – Save a Prayer
Ramones – Sheena Is a Punk Rocker
Madonna – Like A Prayer
Patrick Swayze – She’s Like The Wind
INXS – New Sensation

Ducacroce.
Criador e editor,
ideias e outras
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