A busca pela simplicidade

“O que esses intervalos de dias podem auxiliar na nova etapa que está prestes a chegar? E de que forma será vivenciada? As respostas somente você que chegou até aqui poderá responder, afinal cada qual tem o seu ritmo e forma de encarar a sua própria realidade, se bater dúvidas, simplesmente pare por alguns minutos, respire e olhe em torno de si, algumas certezas você encontrará. Agora, o momento é provar do bolo”

“Os melhores momentos da vida, não tem negativos para recuperar a memória, são apreciados no exato instante sem pressa ou anseio, tudo acontece no presente e o que importa de verdade é sentir-se realmente parte desse flash de acontecimentos”

Ao tentar a procura da simplicidade, é necessário desconfiar de tudo, afinal o que realmente procuramos? O que é essa tal mania de questionar algo que é tão simples? No entanto, passa a ser complexo em sentir e evidenciar, o porquê, é simples, nunca estamos realmente no momento presente dos acontecimentos, há sempre um pensamento além, e o instante, passa a ser apenas uma fração de segundos a qual, vale por muito tempo, embora despercebida em pensamentos acelerados pelo amanhã que não existe.   

E por esses dias festivos é notório como as pessoas mudam de comportamentos e atitudes, muito pelo clima que é criado de forma espontânea ou comercial em torno, e fica sempre a pergunta: por que não manter esse mesmo ambiente? O ser humano segue sendo uma “bomba de surpresas” e de infinidades de interrogações dentro de seu próprio eu, ao tempo que está todo festivo em algumas horas já está em seu modo casulo vivenciando apenas o seu mundo interior. Talvez os dias de festas de final de ano despertem um sentimento diferente, mas ao longo do cotidiano fica quase impossível manter o mesmo ímpeto, afinal as realidades de cada um são bem distintas, e só nessas ocasiões é possível afirmar um consenso através da datas.

As festas sempre rementem muitos momentos de outros tempos, mas também é preciso vivenciar o presente, e foi assim os preparativos para a noite de Natal, dividindo a cozinha com a minha mãe, Dona Dirce. Ela de um lado no preparo dos assados e eu, na responsabilidade do bolo, as vezes me arrisco um pouco, levo como terapia as misturas dos ingredientes e bem da verdade, nem como tanto, faço mais para servir e saber se está a gosto. Por vezes, flaguei meu pai visitando a cozinha, roubava um beijo de Dona Dirce, relembrava alguns outros momentos, mas o objetivo dele era beliscar alguma coisa sobre a mesa, tenho a dizer, Sr. Léo é muito astuto. Por mais simples que seja, esse é o grande momento o qual não há um botão para rebobinar, por mais apps existentes, esse presente é dado apenas uma vez na vida, não tem replay são cenas que ficam gravadas na memória afetiva, e isso não tem preço que pague, é necessário estar aberto e atento na simplicidade dos acontecimentos reais e espontâneos.

Entre uma conversa aqui, e ali, as músicas do rádio transitavam por várias épocas e ficava impossível não viajar em uma onda nostálgica de outros finais de anos, em outros lugares, com familiares, amigos, pessoas ainda presentes e outras que partiram e deixaram saudades. Entre uma canção e outra, no embalo sonoro e na densidade da massa batida chega-se ao ponto ideal, e na temperatura do forno o exato momento de deixar tudo se transformar, e nesse momento, o fermento será o principal ingrediente. Bolo no forno e agora é só esperar, não mesmo! Por mais que tudo esteja planejado para evitar saídas desesperadas na véspera de Natal, encarar filas no supermercado vem a voz de Dona Dirce: preciso de papel alumínio!  

Gosto de planejar, mas confesso que aprecio um improviso, afinal não temos controle de nada e tudo vira uma boa história. Então, segui para o mercado, não estava tão cheio o que me deixou animado, no corredor das bebidas fui abordado por uma mulher que estava com dúvidas sobre qual cerveja levar, pois nada sabia em relação. Eu também não conheço tanto, mas pude dar algumas informações comparativas em relação a qualidade de cada uma, pelo que vi ela entendeu e aceitou as dicas. Alguns passos a seguir, encontro com amigos de época de escola e também de academia, papo rápido na fila de frios e também para passar no caixa o que não demorou tanto. Voltei para casa e de imediato acendi a luz do forno pra ver como estava o desenvolvimento do bolo e para alegria geral, o fermento fez o seu papel e deixou o bolo na altura certa, cumpriu o seu papel jogando coletivamente com outros ingredientes, e por falar nisso, que papelão novamente de nossa seleção. Ainda bem que já vi o tetra e o penta, e confesso que essa geração tem de comer muito arroz e feijão pra ganhar o hexa, isso é um outro tema a ser debatido, se bem que o Messi merecia levantar a taça.

Alguns minutos após, retirei o bolo e ajudei minha mãe a colocar os assados no forno. O bolo a espera para ser recheado, antes alguns macetes para não deixá-lo seco e sim, para obter aquele gosto de festa de infância, esse todos sabem qual é, não é mesmo? Preparei o recheio bem caprichado e minha mãe dizendo: eu não sei fazer isso não, é muito difícil. Eu, respondendo rindo: Um dia te ensino, não se preocupe. Bolo recheado e agora a parte fundamental, filmar para que descanse e crie uma harmonia de sabor com o recheio, cada detalhe é importante.

Ao sair no quintal percebi umas nuvens chegando, e durante a semana já estava fazendo manutenção no telhado, não queria que o Sr. Noel sofresse qualquer tipo de acidente. E como tudo acontece rapidamente, resolvi por as mãos nas telhas mais precisamente por debaixo das delas, rastejando até a bendita calha que ficou fora do lugar devido a uma forte pancada de chuva de dias atrás, deu trabalho e tudo se encaixou perfeitamente. O final de tarde já estampado, e quase tudo já pronto e a sensação de um dia com ritmo diferente. Um banho para refrescar, afinal a chuva não veio e o clima ficou abafado, restava agora o toque final, e com total atenção voltada para confeitar o bolo, como já planejada aquela ganache de chocolate meio amargo para dar um contraste como cobertura e caiu perfeitamente, ficou irresistível.

A noite chegou, uma cerveja merecida para refrescar, e sem muitas cerimônias tudo já estava pronto e cada qual se serviu à sua maneira. Barulhos de talheres, copos, vozes e o clima sem tradução pairava e contagiava. Por mais simples que esses momentos foram descritos, tenho a certeza da veracidade deles, e estarão comigo até meu último dia na terra. Quando a simplicidade é genuína e verdadeira, sem aditivos externos, ela passa ser habitada, e quando assim, não tenha dúvidas de que, o momento real foi vivenciado. Como atualmente tudo é fugaz, ter esses momentos é entender que a felicidade está nesses simples momentos, e bem provável ela está sempre por perto, basta atentar-se e vivenciar sem pressa alguma.

As festas de final de ano, se oferecem como grandes opções de reavaliarmos a forma de como estamos vivendo, e também, do ritmo de vida que estamos condicionados ao longo do cotidiano. Há de se questionar: O que esses intervalos de dias podem auxiliar na nova etapa que está prestes a chegar? E de que forma será vivenciada? As respostas somente você que chegou até aqui poderá responder, afinal cada qual tem o seu ritmo e forma de encarar a sua própria realidade, se bater dúvidas, simplesmente pare por alguns minutos, respire e olhe em torno de si, algumas certezas você encontrará. Agora, o momento é provar do bolo que fiz, servido(a).

Um ótimo 2023, cheio de renovações e realizações, recheado de grandes momentos reais. Grato, por você leitor(a), seguidor(a) por acompanhar o blog ideias e outras coisas mais. Um forte abraço carinhoso.

Ducacroce.
Criador e editor,
ideias e outras
coisas mais.