Apenas um momento 3

“Quem permanece junto ao longo de tribulações, é de fato, merecedor de vivenciar do melhor após. E no pendular de cada instante, tudo ganha novos traços e sentidos, antes em pensamentos invisíveis, e agora concretizados. E assim, Sofia consegue visualizar a sua trajetória em uma nova etapa de sua vida” 

Para um melhor acompanhamento, indico a você a leitura dos posts anteriores: 

Apenas alguns momentos

Apenas alguns momentos 2

E quando na cozinha o mousse de limão foi espalhado no corpo de Sofia que estava sob a mesa, esse consumido centímetro por centímetro, e o creme de chocolate no corpo de Rael que fervia e Sofia se servia fartamente em ebulição. Uma noite intensa de muito amor, essa quebrada ao canto do galo Tião, o casal despertou na cama, mas sem noção alguma de onde estavam, apenas a sensação de que tudo foi consumado das melhores formas possíveis, e quando olharam para o “pé da cama” lá estavam Raul e Rita os observando em silêncio.

Nada melhor que um despertar com a luz do sol refletindo nas paredes, e nos rostos a estampa a espera foi válida. A noite de amor consumada irradiava não apenas o quarto, mas inundava todo o ambiente que suspirava amor, e se tempos atrás tudo era apenas pessimismo obscuro o agora trazia sensações nunca sentidas e essas faziam Sofia e Rael se renderem totalmente nessa nova onda apaixonante.

Aos miados da dupla miau-miau, o casal ficou rindo olhando para o teto e quando do encontro dos olhares as melhores sensações matinais e o clima só foi interrompido com os roncos de fome. Rael prontamente foi até a cozinha preparar o café da manhã, Raul o seguiu miando, Rita se aproximou de Sofia ronronando como querendo saber o que ela estava sentindo, deitou em seus braço e ficou olhando com olhar brilhoso como transmitindo também felicidade por sua amiga. O café estava bem caprichado e foi servido na cama, Sofia era só inundação de amor, a manhã foi passando e quando foram se despedir, Rael tentou dizer algo e Sofia com o indicador esquerdo alcançou seus lábios dizendo: – Não diga nada! Deixe acontecer como estamos fazendo, não fique preocupado, em seguida nas pontas dos pés um beijo profundo e demorado. Rael, se queria dizer algo, nem sabia mais, mas sentia que era mútuo o sentimento. Quando voltou para dentro de casa pegou o telefone e ligou para Val conversaram horas a fio, a amiga sentia a total alegria do outro lado da linha e prontamente lançou um convite para se reencontrarem e também comemorarem esse novo momento. A ligação foi interrompida porque Raul derrubou o abajur sobre a extensão telefônica, e após ficou olhando com cara de paisagem para Sofia.

A rotina se mantinha como sempre faziam, às vezes Rael deixava cartas a punho na caixa de correio de Sofia, ele também era correspondido da mesma forma, os encontros ficaram mais constantes e não tão ocasionais, e quando assim, não perdiam tempo. Foram ao bar sinuca o qual Val escolheu para o encontro, era um local bem descolado e movimentado e quem quisesse aprender a arte de jogar sinuca (bilhar) era só chegar. As amigas ficaram à mesa, Rael foi buscar as bebidas e as fichas e por coincidência encontrou um amigo de longa data, Lucca. Val com “olhar de luneta” de imediato cutucou a amiga babando:

– Quem é aquele gato com o Rael? Sofia responde rindo, calma amiga parece que levou uma flechada: Eu não sei quem é ele, mas vamos descobrir. Os amigos ficaram conversando por uns minutos próximos ao balcão. Lucca era um cara animado, gostava de falar de tudo um pouco, marasmo não era com ele e tinha sempre uma boa história pra contar. A cada passo que davam em direção à mesa Val sentia variados efeitos e quando se olharam as inevitáveis fagulhas saltavam nos olhares:

– Prazer, Lucca! A moça tremula e gaguejando responde:

– Sou, sou, sou, meu nome é Valéria, prazer todo meu.  Rael e Sofia eram testemunhas de um momento único e também totalmente ocasional, brindaram a esse encontro o qual já dava pinta de que ia ser pra valer. Após algumas rodadas de cervejas e muitas conversas resolveram jogar sinuca, fizeram casal contra casal, se bem que não passaram da primeira ficha, Val e Lucca interromperam o jogo com um beijo que fez o bar parar e as pessoas das mesas baterem palmas. Sofia sorridente, comenta:

– Amiga fazia um tempão que não a via assim, se deu bem mesma! Hoje tem jogo completo com prorrogação e penalidades. A noite seguia com os casais que se despediam com um clima muito leve e conspirador principalmente aos recém-apresentados “pensamentos invisíveis” que eram traduzidos a cada beijo. Cada qual seu seu destino, Val e Lucca chegaram primeiro, antes de consumar a noite beberam uma garrafa de vinho e deixaram tudo que era invisível em pensamentos concretizar em cada toque e movimento, ambos se saciaram como nunca e disposição a cada reinício, sentiam-se parte um do outro e o jogo só reiniciava a cada segundo.

Enquanto isso no outro bairro, Rael como sempre astuto, encostou o carro em frente a sua casa, pediu para Sofia vendar os olhos e confiar nos passos dele dizendo: Como ficamos mais em sua casa, hoje será diferente, serei o anfitrião. Sofia em passos de formiga segurava no braço de Rael, entraram e caminharam até a área externa da casa, e vem o aviso: Vou tirar a venda, mas mantenha os olhos fechados, contou até três, e quando abriu os olhos ficou encantada! Todo espaço do jardim estava enfeitado com luzes e dentro da estufa de flores uma mesa preparada para que a noite tivesse um toque diferente e especial. Sofia irradiante de paixão abraçou Rael dizendo com um olhar profundo: Vai ter troco! Em seguida um beijo demorado, o anfitrião serviu Sofia que parecia estar vivendo um conto, mas sabia que tudo era real e no ritmo que ela jamais pensava em acontecer. Inevitável não lembrarem do casal de amigos que se deram bem, afinal, foram de certa foram os “cupidos da noite”.

Mas de verdade, não queriam mais falar de ninguém, porque o clima já era de pura fervura e as labaredas surgiam a cada olhar, a mesa serviu de cama e todas as flores “faziam fotossíntese de paixão” eram provas de como o amor verdadeiro se conecta de forma diferente, por instinto, na respiração, no olhar, no beijo, no cheiro dos corpos, sem encenação e sim, toques de amor. Despertaram no vai e vem da rede aos cantos do galo Tião que novamente dava bom dia. O sol fazia companhia ambos sorriam e corriam nus quintal florido, quando entraram na cozinha, antes do café quebraram o jejum se amando novamente.

Algum tempo passou, e a vontade de ambos foi crescendo e decidiram morar juntos, porém, realizando um desejo de Sofia, morar em um casarão no final da rua, esse era um sonho, pois essa residência pertencia a sua vó materna, Dona Antonieta. E assim aconteceu, venderam as casas e em seguida compraram o imóvel, esse que atraia atenção de todos que passavam em frente, sem dizer do espaço interior e no quintal com variedades de flores, tinha até mesmo um chafariz de querubim em torno um jardim suspenso imenso. Sofia tinha muitas lembranças de sua infância nesse local, a forma como sua vó a tratava, as brincadeiras com os primos(as). Até mesmo o balanço que era disputado a época foi preservado, Sofia fazia uso dele contando as histórias com ricos detalhes a Rael ao ritmo do balanço, e ele se sentia parte dos enredos.

E agora, os pets também estavam juntos, alias sempre aprontando alguma, não estranharam o novo espaço, Lennon vivia cavando pelo quintal e escondendo seus brinquedos, Rita e Raul brincavam nos galhos das arvores tentando pegar os pássaros, mas nunca conseguiam. Após alguns dias, receberam a visita de Val e Lucca, vieram convidar Sofia e Rael para serem padrinhos de casamento o convite foi aceito de imediato.

Passados alguns dias, Sofia foi a clínica levar uns exames rotineiros feitos semanas antes, conforme a sua médica fazia a análise, um clima estranho pairava, e assim, Sofia infelizmente foi diagnosticada com uma doença rara e uma cirurgia iminente tinha de ser realizada. Sofia perdeu o chão na hora, e um turbilhão de pensamentos passava em sua mente, ao chegar em casa em prantos ficou no quarto escuro até os pets perceberam que ela não estava bem. Quando Rael chegou e sentiu um clima diferente, chamou por Sofia que lhe respondeu:

– Estou no quarto, meu amor! Rael subiu as escadas com pressa e pensativo, ao abrir a porta foi surpreendido com um forte abraço de Sofia que chorava. Ele a acalmou, sentaram-se um olhando para o outro e então Sofia explicou o ocorrido, Rael calmamente segurou as mãos da amada e lhe disse:

– Estarei contigo em todas as ocasiões, vamos passar por essa juntos! Não irei soltar as suas mãos! Vamos superar esse obstáculo, pois temos muito a construir e concretizar, e aquele balanço será brinquedo de nossos filhos(as). Você não estará sozinha, jamais! Ela já emocionada comenta:

– Fui presenteada com um homem raro! Muitos outros iriam arrumar uma desculpa e sumir do nada, com total normalidade, e com você, já me sentia segura desde que te beijei pela primeira vez, e em teus braços a segurança que tanto buscava. Após, ambos se beijaram chorando era sentida a comunhão verdadeira tomando conta do quarto. Os exames pré operatório foram feitos rapidamente, e a cirurgia marcada. Sofia sentia-se muito segura pelo apoio total de Rael que incansavelmente a mantinha sempre otimista. Na noite anterior a cirurgia conversaram sobre tudo até mesmo papo sobre filhos(as) riam iguais crianças e também sobre oficializar o casamento. Sofia era pura empolgação, em pensamentos expressava o desenho do vestido de noiva, o local da festa, convites apenas para amigos próximos, o bolo confeitado nos detalhes e tão breve pegou no sono devido a medicação.

O despertar foi leve, sensação agradável, os pets vieram dar bom dia entre miados e latidos de boa sorte, Rita subiu no colo de Sofia ronronando como passando energias positivas. Ao longo do caminho para o hospital, o clima era de puro romance e descontração no carro, os dois estavam sintonizados e até mesmo cantaram algumas músicas rindo como dois adolescentes: Crowded House- Don’t Dream It’s Over, When In Rome – The Promise, INXS – By My Side, Ric Ocasek – Emotion In Motion, entre outras.

Chegaram ao hospital e a equipe médica já estava preparada, se despediram com aquele olhar fervente e um até logo pairava, era uma energia tão contagiante que a equipe também foi irradiada. Momento de tensão, e após alguns minutos um corre, corre em direção a sala de cirurgia, Rael ficou aflito, as enfermeiras o acalmaram. Porém, Sofia sofria uma complicação cardiorrespiratória, e por algum tempo desconectou-se do mundo e passou a vagar por outros, até que encontrou a sua vó Antonieta no balanço da entrada do casarão e com uma voz doce chamou por sua neta:

– Sofi, Sofi, venha aqui, minha neta amada, não tenha medo! Fiquei feliz que estão morando no casarão, ele voltou a ser um lar alegre como era antes. Lembro de quando você era criança e vivia correndo em torno do jardim, do bolo de chocolate que você adorava, de quando tinha febre eu fazia chá, das historinhas que contava pra você dormir e sua alegria ao amanhecer sempre revigorada. Mesmo daqui, te observo, só queria mesmo uns instantes a mais de sua presença e a tive, e por falar nisso, você tem de voltar, essa não é a sua hora, a sua vida será longa e de muitos momentos felizes, aliás, o querubim vai te entregar o que tanto sonha, aproveite cada instante. Para Sofia, parecia ser uma eternidade aquele momento, mas durou apenas alguns segundos, e os batimentos cardíacos voltaram ao normal.

O processo cirúrgico foi realizado com sucesso, Sofia teve uma recuperação muito positiva reagindo bem aos tratamentos que exigiam muito de seu físico e psicológico. Rael estava presente em cada momento e isso só facilitava a busca da cura. Após alguns meses, longe de qualquer risco, Sofia passou a sentir enjoos, e foi então que descobriu que estava gravida, e para deixar o clima diferente, preparou uma surpresa a Rael, lembra que ela disse que ia dar o troco? Saíram para jantar, e quando foi servida a sobremesa abaixo do prato um envelope chamou a atenção de Rael, curioso o abriu de imediato, ao ler foi como se tivesse decolado em um foguete, ficou em órbita já banhado de lagrimas, Sofia era só emoção com o coração a mil, dizendo:

– Te avisei que iria ter troco! Rael caminhava a passos de nuvens em direção a Sofia, se ajoelhou em frente a amada e em seguida, beijou carinhosamente a sua barriga e todos presentes eram aplausos. Partiram para casa já na escolha de nomes, mas eram tantos que deixaram para o outro dia, e nessa mesma manhã, Rael pede a Sofia para ajudar a limpar o querubim, quando ela chegou próxima viu algo diferente na asa esquerda e foi quando ela percebeu um reflexo, e ao chegar próxima já estava emocionada, sim, era aliança, e ao fundo a voz de Rael, recitando versos em forma de pedido de casamento, os primeiros convidados foram os pets que estavam com trajes e até que bem comportados. O jardim exalava todo o clima diferente irradiado de puro amor e felicidade, a água do chafariz refletia um arco-íris, e a cadeira de balanço se movia como dando um sinal positivo e Sofia dizendo a si mesma:

– Bem que você falou, vó! E de imediato o balanço parou e os galhos das árvores balançavam ao ritmo do vento repentino. Rael sem entender nada perguntou a Sofia, ela disse: é uma longa viagem meu amor, depois te conto. Durante uns dias planejaram todo o casamento, o casarão escolhido como local, o vestido de noiva tão desejado foi confeccionado, Val e Lucca escolhidos também para serem padrinhos. Dias antes da data, uma visita à clínica para uma ressonância e tudo novamente muda, Sofia estava grávida de gêmeos, era um casal. Agora a família estava maior e o casarão teria novamente aqueles dias que marcaram a vida da atual mamãe.

O dia da cerimonia fazia uma tarde agradável, o sol presente acompanhado de algumas nuvens que se movimentavam com uma brisa fresca. O jardim estava impecável, assim como a decoração de todo casarão era uma perfeição nos detalhes. Os noivos se apresentaram próximos ao chafariz do querubim a cerimônia foi rápida e objetiva, e assim, no momento declarados oficialmente casados e quando do beijo pra selar o matrimônio, um forte esguicho vindo da flecha do querubim molhou os noivos que riam, pois sabiam que dessa vez a união era real e o sonho estava realizado.

Os dias foram passando e a barriga de Sofia crescia, e foi quando da rápida viagem de lua de mel escolheram alguns nomes e esses foram separados para um sorteio. Sentaram-se no balanço da vó Antonieta, primeiro veio uma caixa com nomes femininos, fecharam os olhos mexerem juntos as etiquetas e pegaram a mesma, e quando abriram os olhos, Eloah foi o nome escolhido. Então, fizeram o mesmo ritual para a escolha do nome masculino, pegaram a mesma etiqueta dentro da caixa e essa com o nome de Noah, e do nada o balanço ganhou movimento pendular, e o casal no embalo se beijava.

Os meses foram passando e os gêmeos nasceram saudáveis, deram um novo ar ao casarão que logo depois passou a ser frequentado pelos filhos de Valéria e Lucca. As tarefas diárias mudaram bastante, Rael estava sempre em atividade e Sofia ficava admirada com a total dedicação do papai coruja. Algum tempo depois em um belo final de tarde com a luz do sol se pondo, Sofia acendeu um incenso e silenciou-se em pensamentos profundos e lembrava de todas as fases de sua vida e agradecia, afinal, tudo é apenas um momento e de cada um algo deve ser levado como aprendizado. Cada instante passa muito rápido e logo se torna apenas vagas lembranças de “frações de resumos”, é claro, se tiver alguém que queira compartilhar de fato essa travessia tudo passa a ter um sentido diferente, e isso, tem a ver diretamente com o amor, e esse é paciente, reciproco, acolhedor, eleva e não machuca, apenas faz querer vivenciar a vida de forma única. Ao fundo uma voz ganhava mais volume era Rael chamando:

– Amor, a cerimônia vai começar, não vai se atrasar para o casamento de nossa filha.

Ducacroce.
Criador e editor,
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O amor acontece

É preciso dar novas oportunidades, outras chances e ocasiões acontecem, não necessariamente que seja “para sempre”, entretanto, enquanto da duração que seja vivenciado com verdade, tudo é aprendizado”.

O amor tem variadas formas de acontecer, e raríssimas vezes ele é de imediato, muitas vezes ele é percebido e aflora após muito tempo, sem que os privilegiados percebam a ação desse nobre e puro sentimento. Podemos elevar vários pensamentos sobre, afinal quem nunca se apaixonou e viveu uma história de amor? As sensações são infinitas e se deixar contagiar pelo amor é estar de coração literalmente aberto e compartilhar de variados momentos com a pessoa amada. Pode parecer fácil esse raciocínio, entretanto o ser humano tem as suas manias (ego) as quais sempre complicam um pouco essa equação. Tudo é questão de momento e equilíbrio, o amor pode até “estar presente”, mas naquela ocasião ele necessariamente não será o bastante, há de se ter a maturidade de ambos, e assim, de forma cristalina vem o aconchego, e a morada ao longo do cotidiano até o seu enlace oficial, o apogeu do casal, momento mais especial e esperado.

Por esses pensamentos e movimentos, lembro de uma história a qual acompanhei desde suas origens até mesmo a data marcada. A época, dois adolescentes, Vanessa e Edu, faziam parte da minha equipe, ajudavam em várias ocasiões das semanas e principalmente em eventos internos e externo. Não eram tão próximos e pouco se falavam, ela tímida, e ele mais articulado, ambos em um momento diferente na vida pessoal, porém objetivando crescimento profissional. Mesmo nas atividades não era muito comum vê-los juntos, e como nessa fase tudo acontece rápido reparava que cada um seguia por novas experiências, e em outras ocasiões estavam acompanhados, “todas as experiências são válidas, e saber apreciar cada momento a certeza de não ter lacunas abertas, e sim, ter bagagens que servirão em algum instante.” Interessante, a maturação adquirida por ambos nessas etapas, entre eles, apenas uma boa amizade, nada além. Único dia que percebi algo, foi quando os vi indo a um show de Rock, e logo depois perguntei a eles sobre, diferentemente do meu pensamento, estavam saindo de experiências não bem sucedidas, “provável que, os bastidores desse show tenham sido válidos em algum ponto, afinal, tudo começa por uma boa troca de ideias de experiências pessoais, isso de alguma forma aproxima e criam laços de confiança”.

Os ponteiros do relógio não pararam, seguimos com a nossa forte amizade, e cada qual novamente embarcou em novas oportunidades, lembro de um aniversário o qual estavam respectivamente acompanhados, “é preciso dar novas oportunidades, outras chances e ocasiões acontecem, não necessariamente que seja “para sempre”, entretanto, enquanto da duração que seja vivenciado com verdade, tudo é aprendizado”. Depois de um tempo não nos víamos com tanta frequência, e novamente os ventos sopravam para outras direções, e ambos agora livres, queriam desfrutar mais a vida. Nos encontramos para colocar as ideias em dias, a bem da verdade em uma noite muito fria na região da Rua Augusta, entre um copo e outro, rolês aleatórios, era sentido que a diversão foi garantida. Na hora de partir, uma volta pela Avenida Paulista, andamos abraçados para aquecer os corpos, eu fiquei no meio segurando-os, pois estavam mais altos de que eu (risos). Quando percebi, alguém largou de meu braço dizendo: esse serve, esse serve! Corremos literalmente na frente do ônibus, demos o sinal, e colocamos Vanessa dentro do coletivo com destino ao bairro da Lapa. Logo o dia estava amanhecendo, hora de se despedir de meu amigo, Edu já nas últimas energias, mas firme seguiu para a linha azul, e pelo que sei ficou indo e voltando, pois dormiu e perdeu a noção de tempo e espaço entre as estações. “Como sempre comento, nada melhor de que ter histórias para contar”.

O analógico do relógio não dá pausa, ambos continuaram seguindo seus caminhos, Vanessa em um momento mais focada na graduação, saindo bem pouco, ele trabalhando e curtindo novas experiências. Apenas os encontrava em aniversários, ou de forma individual, e uma dessas festas, me recordo de ter ganho uma garrafa de vodca e ter dado de presente ao Edu, mais que merecido pelos bons tempos e também pelo intervalo em que não nos víamos. Graças ao Edu, conheci um pouco mais do Rock Indie, quando fomos a uma festa na Barra Funda, aliás foram tantas festas que precisaria fazer um livro pra contar, quem sabe um dia (risos).  Em uma ocasião encontrei com Vanessa no Parque da Água Branca, encontrava-se em momentos mais reflexivos da vida, até mesmo com futuro profissional e amoroso, etc. Sempre calma, serena e muito precisa nos objetivos traçados, e assim tão logo virou professora, profissão a qual é dedicada ao extremo. Lembro quando a visitei na época de sua graduação, das caminhadas pela rua Catão, e é claro, quando fomos ao show dos Paralamas, e no retorno fui bem recepcionado por sua família. Também poderia ter um livro de outras histórias, afinal todas fazem parte de um acervo de muita confiança e carinho. “Ambos também me ajudaram em muitas ocasiões de minha vida, o que fez a nossa amizade ser ainda mais forte, ter ombros amigos é ter a certeza de que nunca estará só, e com eles sabia que podia contar a qualquer momento”.

E no balanço do tempo, cada qual estava seguindo por caminhos distintos, e apenas em 2017 conseguimos nos reunir, era aniversário da Vanessa, comemorado em um Pub na região de Pinheiros. Essa data marcou o retorno dos solteiros (todos tinham acabado de sair de relacionamentos, praticamente ao mesmo tempo). E dessa noite em diante os rolês ficaram mais constantes, mas um em especial se tornaria decisivo ao Edu e Vanessa. Esse fato ocorreu logo após uma visita a um Pub no bairro do Tatuapé, Vanessa estava em uma outra festa. Muito Rock In Roll ao vivo, cervejas e até descobri que Edu pensou ser chileno (risos, longa história). Pagamos as comandas e seguimos a estação do metrô, ficamos trocando ideias do antes e de tudo que estava acontecendo, e subitamente Edu demonstrou interesse em Vanessa, e prometeu que na primeira oportunidade iria expor suas intenções a ela, fiquei surpreso e pensei em silêncio: caramba, esses dois já se conhecem faz tempo, acho que agora vai. E assim aconteceu, se encontram algumas vezes e resolveram criar tudo de forma “off-line”, nem eu mesmo estava por dentro, apenas desconfiava, e só um tempo depois que assumiram de fato. Uma prova de que era pra valer, quando encararam o período de pandemia (covid-19) momento em que muitos casais optaram em desistir do relacionamento, eles mantiveram-se firmes e seguiram com seus propósitos. “Uma experiência exemplar para alguns casais que na primeira dificuldade já desiste, a convivência diária muda a forma de ação, mas não altera aquilo que é proposto, afinal, tudo vai se condicionando, e o melhor a extrair é a forma como cada qual se readapta e também se reinventar”.

Então, os ponteiros se encontram e o convite para o enlace oficial aconteceu, e vem um filme em mente assim como descrito, mas as emoções vão muito além quando se está ali no altar testemunhando e sentindo todas as vibrações. Uma emoção sem palavras, o caminhar para atestar com a assinatura evidenciava de fato os laços, esses que agora abençoados e consagrados por Deus e por todos que ali estavam. Confesso que fiquei dias emocionado, assim como hoje impactado ao lembrar de tudo, me senti realmente parte dessa história de amor, e poder expressar um pouco é uma forma de enaltecer a forma como o amor acontece, por mais que esse esteja desacreditado atualmente, está sempre por aí esperando alguma atitude, passo adiante de coragem, se apresenta de variadas formas, basta estar atento ele não vem com uma manual de instrução.

“E assim, o amor aconteceu, em sua nascente inesgotável uma nova história se concretizou, essa que transbordava aos olhos dos noivos, o amor estava ali, presente em cada gesto, não há quem não tenha se irradiado. Testemunha presente, sentia todas as vibrações, estado de pura inquietação com o coração em outra frequência. As emoções vieram fáceis, inundação de puro amor. A cerimônia foi abençoada, e a comemoração foi perfeita em todos os detalhes, e no final, com aperto de mãos, novas emoções provindas das palavras do noivo, as quais deixei desaguar nas minhas lágrimas, essas com gosto de amor, agora as sensações eram reais, tudo inundado, coisas do amor. Não há palavras para agradecer ou explicar, apenas navegar por essas águas, memória que mergulho desde então”.

Aos meus amigos-compadres, desejo que tenham sempre amor para todos etapas de suas vidas, em cada momento lembrem da linda história de amor edificada, dedicação, respeito e amizade que criaram e concretizaram juntos. Que essa nova etapa, traga frutos e muitas outras histórias para contar. Obrigado, pelo carinho, amizade e amor.

Ducacroce.
Criador e editor,
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O amor não é uma fórmula

“O cubo mágico tem a sua lógica de ser, o amor tem a sua fórmula inexplicável de acontecer. Há quem culpe o amor, não há erros no amor, errar é não amar, é não saber amar, é não deixar ser amado”.

Entre alguns objetos em minha mesa de trabalho, existe um que interajo nos momentos de pausa, o cubo mágico. Nesse intervalo, monto um lado de uma cor aleatória, a tarefa de completar todos os lados não é nada fácil. A cada movimento, uma dose de raciocínio lógico, cálculos para enfim, uma sequência de cor formada. Ao mesmo tempo, uma outra cor fica incompleta, gira de um lado para outro e as possibilidades são inúmeras entre acertos e erros. A busca constante de combinar os lados se torna um grande desafio, certamente da mesma forma quando as pessoas falam sobre o amor. Existem várias dicas virtuais e tutorias de como formar todos os lados de um cubo, entretanto, qual seria graça de termos uma receita funcional para o amor? Assim, como aqueles títulos que “vendem a felicidade”, mas será que de fato não sabemos o que buscamos ou que queremos?

Em cada movimento do cubo mágico, existe um segredo e esse, fará com que os lados se completem ou não. Já o amor, não tem esse “movimento mágico”, não há uma lógica, os lados podem ser completados logo na primeira tentativa, ou não. Talvez, uma fileira de cor, um lado, as vezes nem precisa de todos os lados, apenas dois lados distintos como uma moeda, cara e coroa não se veem, mas sabem que se completam. O amor é democrático, não cabe uma data para que seja celebrado, todo dia, todo tempo a qualquer momento ele acontece. A fixação tira a distração da forma como ele acontece, nunca estamos preparados, aliás qual seria a graça se já soubéssemos?

Às vezes, um lado precisa ser desmontado para que o outro seja completado, não é culpa da cor vermelha ou azul, cada uma teve de procurar uma forma de se completar, para quem sabe o verde e laranja também possam se sentir completos, até mesmo o lado branco se sinta bem consigo mesmo ficando isolado. Por vezes, pode ser que não aja a combinação de cor com cor e está tudo bem, às vezes todas cores misturadas combinam por um tempo, é cabível no jogo do amor, com ele existem várias formas de demonstrar e ser amor. A todo tempo, há uma transformação e mudança em cada movimentação, há de se atentar nesses detalhes, pois toda experiência é válida nesse trajeto e nunca sabemos do próximo movimento. O cubo mágico tem a sua lógica de ser, o amor tem a sua fórmula inexplicável de acontecer, em comum eles combinam nas inúmeras ocasiões.

Há quem culpe o amor, não há erros no amor, errar é não amar e não saber amar, é não deixar ser amado, a quem se assuste e foge, após algum tempo reclama de ser infortunado no amor. Não se perca e nem se sinta culpado(a) se os cubos não se encontraram, quem sabe a flecha de Eros te acerte na distração, no acaso e tudo venha acontecer e surpreender, afinal não há  fórmula para o amor, nem livros que o explique. O amor nunca sai de cena, resiste e está em movimentação e rotação com o tempo. Mesmo esquecido em muitos momentos, ele sobrevive a tudo, é o mais nobre e sublime sentimento existente e quem o tem, carrega ouro no coração.

Ducacroce. Criador e editor, ideias e outras coisas mais

Todo dia é dia de amor

“Não há nada de errado passar uma data comercial sozinho(a), e às vezes, é melhor estar só a estar com alguém que o sentimento não é correspondido”

Dias atrás, estava ouvindo meus pais conversarem na cozinha, e minha mãe perguntou ao meu pai: sabe que dia é hoje? Meu pai, claro! E então, começaram a lembrar do dia do casamento. São 49 anos de matrimônio, imagino os altos e baixos momentos e mesmo assim seguiram, não deixaram de crer e querer vivenciar toda uma vida juntos. Vejo em meus pais um exemplo a seguir, através do diálogo, companheirismo e romantismo, conduzem e se reinventaram juntos durante esses anos, mesmo que possam ter momentos de discordância, ainda sim, prevalece o respeito.

Não há como não fazer uma ponte com os “relacionamentos atuais”, quem está dentro, quer sair e quem está fora quer entrar. O que deixa ambos os lados em desespero, é a chegada do Dia dos Namorados. Uma data que mexe muito com os sentimentos de casais, e principalmente de quem gostaria de curtir a data com alguém, essa tem até o poder de mudar a ideia de quem quer sair. Para todos os casos, cabe uma reflexão: será que, uma data pode realmente alterar ou definir o futuro de um relacionamento? Não há nada de errado passar uma data comercial sozinho(a) às vezes, é melhor ficar só a estar com alguém que o sentimento não é correspondido. Em um momento em que tudo é virtual o significado até mesmo dessa data sai um pouco de cena, devido a não mais valorização de criar um relacionamento real, hoje é tudo rápido, descartável, frio e distante. A tecnologia ao mesmo tempo aproxima e afasta as pessoas, um indivíduo no mundo virtual tem uma personalidade e quando ao vivo, o susto pode ser grande, ou até traumático. Nada contra quem é usuário de redes de relacionamentos, embora uma pequena porcentagem realmente procura algo sólido e verdadeiro. Sim, mesmo no virtual existem pessoas que apostam na alma gêmea entre as “conexões de ips”, afinal quem sabe surja algo real.

Saindo do virtual e entrando no real, é chegada a hora do encontro, das trocas de ideias sem teclado e tela como escudos, esse é o momento ideal para sentir se vale ou não seguir adiante. Se o papo for bom e a presença agradar, porque não investir? É claro, ir aos poucos, cautela sempre é bem vinda. Agora, se já sentiu que a conexão não foi boa, é bom desconectar de uma forma educada e sensata. São dois exemplos simples, mas que podem desencadear em um futuro a dois como já aconteceu com muitos casais virtuais que se tornaram reais. O início é o ponto de construção de bases sólidas, e dessas, toda uma estrutura pensada, planejada, arquitetada e executada pelo casal ao longo. Isso inclui reciprocidade, confiança e segurança.

Quem está fora, tem de avaliar se está preparado para vivenciar um relacionamento real, não basta só o querer vivenciar o Dia dos Namorados, uma relação é muito além de uma data. Quem está dentro, procure se reciclar, ouvir, dialogar e manter o clima de paixão inicial, por mais difícil que seja, esse é o grande desafio do amor a dois, criar formas para movimentar a sincronia diaria. Um relacionamento é um desafio constante, independe de momentos, e mesmo na adversidade os laços se fortalecem e quando de novos tempos, vem o momento de valorizar e comemorar com quem batalhou ao seu lado e não soltou as suas mãos. Desafios quando enfrentados a dois, é sinônimo de cumplicidade, união e sensibilidade, assim o amor se recicla, o desejo se mantém e com o tempo os laços se fortalecem, coisas do amor.

Ducacroce. Criador e editor, ideias e outras coisas mais.